Como fazer lámen em casa
Este é o primeiro de quatro posts dedicados ao lámen. Comecemos com um pouco de música.
“Miojo, miojo, miojo
É o macarrão que rende mais
Miojo é instantâneo
Miojo é gostoso demais”
Minha geração cresceu ouvindo os versinhos acima, ao ritmo de uma marchinha irritante que o Silvio Santos cantava em seu programa dominical. Miojo era um hit em quase todos os lares. Seu nome completo era Miojo Lamen – depois virou Nissin Lamen – mas ninguém sabia, nem queria saber, o que era o tal “lamen”.
Claro que o lámen já constava do cardápio de alguns restaurantes japoneses. Só que vivíamos tempos obscuros nos anos 1970/80. Ninguém de fora da comunidade se aproximava daquelas casas exóticas que cheiravam a peixe fresco, nabo e gengibre. O sucesso do Miojo Lamen no Brasil nada teve a ver com o lámen original. Os fabricantes tiveram a sacada genial de eliminar qualquer referência étnica do produto – exceto seu nome – e vendê-lo como uma solução prática para quem não tinha tempo, talento e/ou disposição para cozinhar. Colou muito. Miojo se tornou o rango (larica?) oficial dos acampamentos e repúblicas estudantis.
Nos muitos anos que se seguiram, o sushi se popularizou, mas o lámen permaneceu no anonimato. Até que, em algum momento desta década, ele apareceu como modinha entre os hipsters. Conhecemos o roteiro: a onda começa em Nova York e demora uns 10 anos para bater por aqui. Algumas – bagels, donuts, meatballs – não pegam ou ficam restritas a um subgrupelho do grupelho. Outras, como o iogurte grego, são completamente desfiguradas pela indústria local.
Com o lámen foi diferente. Ele chegou e ficou, em boa parte, porque a cultura japonesa é muito sólida no Brasil, principalmente na cidade de São Paulo. O pessoal já tinha o know-how, e o entusiasmo hipster foi só o empurrão de que o lámen precisava para fazer sucesso.
Hoje todo mundo ama lámen (ou ramen, se você preferir a grafia adotada nos EUA). Prova disso é que até redes de fast food passaram a servi-lo.
Um prato de lámen é, basicamente, uma sopa de macarrão cheia de legumes e conservas – alguns facilmente identificáveis, outros nem tanto. Reproduzi-lo em casa parece um desafio e tanto.
Não vou dizer que é moleza, porque está longe disso. Mas boa parte da dificuldade em se fazer lámen está na dificuldade para reconhecer seus componentes. Outra parte reside na parca disponibilidade de ingredientes japoneses muito específicos.
Voltemos ao miojo, então (e tome a musiquinha do Silvio Santos). Os elementos realmente importantes do lámen são o caldo e a massa. Os complementos também importam, mas com esses dá para improvisar. Você escolhe o que está mais fácil (e aqueles de que gosta mais).
Como eu disse lá em cima, este é o primeiro de quatro posts sobre o lámen.
LEIA TAMBÉM
Como fazer lámen em casa: o caldo
Como fazer lámen em casa: a massa
Como fazer lámen em casa: os complementos
Não vou dar receita alguma, por enquanto. Apenas uma lista de compras. Melhor, duas listas. Uma que serve para qualquer localidade (ou quase) e outra que depende da proximidade de uma mercearia japonesa.
LISTA DE COMPRAS BÁSICA
Caldo
Ossos de frango e/ou de porco
1 barriga de porco com couro
1 cebola grande
1 maço de cebolinha verde
6 cogumelos frescos ou secos (shitake é melhor)
1 cabeça de alho
1 alho-poró
Macarrão
1 pacote de espaguete
Bicarbonato de sódio
Complementos
Cebolinha verde
1 caixa de ovos
Shoyu
Saquê
Açúcar
Alho
Óleo vegetal
LISTA DE COMPRAS COMPLETA
Caldo
Ossos de frango e/ou de porco
1 barriga de porco com couro
1 cebola grande
1 maço de cebolinha verde
6 cogumelos shitake secos
Alga kombu
1 cabeça de alho
1 alho-poró
Macarrão
Macarrão próprio para lámen
Complementos
Cebolinha verde
Missô
1 caixa de ovos
Shoyu
Saquê
Açúcar
Alho
Óleo vegetal
Broto de feijão
Broto de bambu
Raiz de lótus
Raiz de bardana
Alga nori
Alga wakame
Kamaboko (massa de peixe)
Menma (conserva de broto de bambu)
Milho verde
Manteiga
Óleo de gergelim
Sementes de gergelim
Sichimi (pimenta japonesa)